É o Senhor que toma a iniciativa de se relacionar conosco
“Buscar-me-eis e me encontrareis: procurar-me-eis do fundo do coração,
e eu me deixarei encontrar por vós.”( Jer 29,13s )
Santa Teresa nos diz que
“a oração é um trato de amizade com Deus”.
Nossa motivação para a oração deve ser sempre o amor a Deus. É o amor a
Deus que nos impulsiona aos desafios de tão grande bem. Orar é portanto
um diálogo de amor. A oração é um Dom de Deus e não um esforço nosso e,
podemos afirmar até mesmo que o primeiro passo é sempre Dele.
É o Senhor que toma a iniciativa de se relacionar conosco. Por isso, a oração não só é um sadio desejo do nosso coração mas, mais do que isto, é um DESEJO DE DEUS.
Cada um de nós temos um coração de oração que precisa ser
trabalhado, desenvolvido para crescer no Dom da oração. Este trabalho
consiste num acolhimento da graça de Deus. O coração de oração não é
algo que vamos comprar com os nossos esforços, mas que vamos acolher com
a nossa liberdade. Este coração orante vai se realizando na nossa
história. É um exercício, contínuo e assíduo. É um trato de fidelidade e
sinceridade com Deus.
Na oração Deus é que inicia o diálogo. Nosso primeiro passo é
pedir o Espírito Santo e abrir o coração para que agindo em nós Ele nos
ensine a falar com Deus. Quando clamamos de coração sincero, o Espírito
Santo começa a arrumar as coisas, pois nossa alma na maioria das vezes,
se encontra bagunçada, e sem a ajuda do Espírito que vem para ordenar e
silenciar o nosso ser é impossível agradar a Deus. Quando o Espírito
Santo começa a agir eu esqueço de mim e das coisas a minha volta e me
volto para Deus. Quando eu me disponho a ter uma vida de oração, Deus
não vai permitir que eu continue a mesma pessoa, pois a cada encontro
com o Senhor o Espírito vai com a sua luz me revelando QUEM É DEUS E
QUEM SOU EU.
Este conhecimento de nós mesmos é essencial para percebermos que
não somos perfeitos e que não precisamos ser perfeitos para nos relacionarmos com Deus.
Na oração não temos que nos preocupar em não se distrair, em não ter
pensamentos vãos, em multiplicar as palavras, em ser isso ou aquilo para
Deus mas em AMARMOS MUITO, isto é o essencial.
Se vamos para junto de Deus usando uma máscara de bonzinhos e não
vou com os meus pecados e a maldade que há no meu coração, eu já levo a
casa arrumada, então eu já não preciso do Espírito para arrumar tudo e
nem mesmo posso agradar a Deus na mentira, pois
um relacionamento de amizade requer acima de tudo sinceridade e confiança para conhecer o outro e deixar-se conhecer.
Devemos ser como o publicano que batia no peito diante de Deus e rezava:
“Tem piedade de mim que sou pecador”
e não como fariseu que se justificava com as suas obras e negava a sua
verdade. A humildade é uma virtude essencial. Ela nos leva a permitir
que o Senhor dê o primeiro passo e inicie este diálogo de amor conforme
Ele deseja.
No início de uma amizade são necessários alguns passos:
O primeiro deles é a
escolha mútua: Ser escolhido sem que
eu tenha escolhido esta pessoa, ou escolher e não ser aceito na escolha
pelo outro não levam adiante uma amizade. Quando escolho e sou
escolhido, a amizade acontece na alegria e na tristeza. Deus é o amigo
que estará sempre escolhendo e acolhendo. Dele vem a possibilidade de
acolhê-Lo.
O segundo passo é a
abertura: a amizade é uma doação de
igual para igual. Não posso pensar que não tenho nada para dar a Deus e
me colocar somente como aquele que acolhe. Deus não é o amigo máximo,
nem o amigo protetor mas, o amigo que eu amo, o qual, sou chamado a
acolher.
O terceiro passo é a
honestidade: para Santa Teresa a verdade é fundamental na oração.
O quarto é a
fidelidade: sabemos que da parte de Deus isto
nunca faltará e, será até mesmo Sua fidelidade para conosco que nos
ensinará a sermos fiéis a Ele. Com certeza se marcamos com o Senhor às
quatro horas para rezar, às três horas, Ele já estará ansioso esperando
por nós. Então sentiremos impulsionado o nosso coração para não permitir
que o nosso amigo fique a nos esperar.
Quando nos elegeu o Senhor nos fez um convite para sermos seus
amigos. A nós cabe responder com compromisso e interesse a divina
proposta. Esta sem dúvida é uma resposta de amor e alguém que ama e se
sabe amado por Aquele que com tanto zelo nos escolheu e nos amou
primeiro.
Fonte: Comunidade Shalom